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História

O padre Aloísio nasceu no dia 24 de dezembro de 1913, em Vargem do Cedro, naquele tempo município de Imaruí (SC), hoje pertencente a São Martinho. Primogênito de uma família cristã, foi batizado no dia 26 de dezembro do mesmo ano e crismado no dia 22 de janeiro de 1914, na Paróquia São Sebastião, Vargem do Cedro. Os seus pais João Boeing e Josephina Effting Boeing, eram de missa e terço diários. Foi nesse ambiente que Aloísio desenvolveu a sua vida e personalidade na infância: num lar de pais piedosos e acolhedores, que partilhavam o que tinham com os mais necessitados. Com doze anos, aos 11 de fevereiro de 1925, incentivado pelo pároco, ele saiu de sua terra natal, com mais outros três colegas, rumo ao sacerdócio.

As etapas de sua formação deram-se basicamente em Brusque, SC e Taubaté, SP. A primeira profissão religiosa aconteceu em Brusque, no dia 16 de janeiro de 1934. Os estudos de Teologia foram feitos em Taubaté, nos anos de 1938 até 1941. Foi ordenado sacerdote no dia 01 de dezembro de 1940.

Como consagrado e sacerdote dedicou a grande parte de sua vida à formação, especialmente em Jaraguá do Sul. Foi mestre de noviços durante 24 anos. Tornou-se um exímio formador, firme, devoto e zeloso. É de sublinhar ainda sua grande devoção à Virgem Maria. Por sua iniciativa, esse Noviciado recebeu o nome de Nossa Senhora de Fátima. Era muito estimado por todos, distinguindo-se pela sua amabilidade e paternal acolhida dos alunos que o procuravam para orientação espiritual.

O padre Aloísio nunca deixou de atuar no campo da pastoral. Desde o início de sua vida sacerdotal, passou também a ser procurado pelo povo, para aconselhamentos espirituais, até o fim de sua vida. Este foi o maior dom que Deus lhe deu e que desenvolveu ao longo de sua vida. Dia e noite, em todas as horas, era procurado em sua casa ou por telefone, para orientação espiritual, aconselhamento familiar e bênção da saúde. Nunca deixou de atender ninguém. No fim de sua vida, muitas vezes, doente, de cama, atendia, deitado, aos casos mais urgentes. Era ungido com o poder da intercessão. Sentia muita compaixão do povo, especialmente dos doentes, idosos e pobres. Tinha um gosto especial pelo colóquio de coisas espirituais e falava horas inteiras, sem se cansar. Pode-se dizer que Padre Aloísio passou sua vida religiosa, a exemplo de tantos cristãos, fazendo o bem.

Em 1974, fundou a Fraternidade Mariana do Coração de Jesus, em Jaraguá do Sul. O que levou o padre Aloísio a fundar a Fraternidade foi seu desejo de ver um grupo de moças unidas, vivendo o Evangelho na realidade do mundo. Deste então, deu a vida para a Fraternidade, acompanhando-a com sua presença e orientação firme e segura.

Em 1984, Pe. Aloísio foi para o bairro Nereu Ramos, na cidade de Jaraguá do Sul. Ali viveu até o final de sua vida como vigário da capela do Rosário e diretor do Centro Shalom, atendendo incansavelmente a todos que o procuravam para uma orientação, auxílio e bênção. Então, dedicou-se mais à “Fraternidade Mariana do Coração de Jesus” e a todas as pessoas consagradas, que buscavam nele inspiração de vida no seguimento de Cristo. A Fraternidade cresceu e continua irradiar a alegria no servir, a simplicidade de vida e a oblação de amor, na busca de tornar presente, em suas vivências fraternas, o que vivia a família de Nazaré e os amigos de Jesus em Betânia: a ocupação com as coisas do Pai e o acolhimento. Sempre numa atitude de dedicação para com os sacerdotes.

Padre Aloísio morreu do mesmo modo que viveu: santamente. Sentindo próxima sua partida e sentindo deixar a todos que amava disse: “Vocês me encontrarão na Eucaristia”. Partiu no dia 17 de abril de 2006, serenamente, para os braços do Pai. Foi sepultado no jardim, ao lado da Igreja Nossa Senhora do Rosário, no Bairro Nereu Ramos, em Jaraguá do Sul. É um local de orações e pedidos de graças. Muitas pessoas testemunham já terem alcançado graças por sua intercessão. Cremos que ele, junto de Deus, está intercedendo por todos nós e, de um modo todo especial, pelos que procuram auxílio em suas necessidades. Todo dia 17, de cada mês, lembrando o dia do seu falecimento, é celebrada a missa da Misericórdia, às 15h.

«Perdemos um padre muito querido, mas ganhamos um santo, no céu!»

(Pe. Osnildo C. Klann, scj)

Atualmente o Padre Aloísio está em Processo de Beatificação junto ao Vaticano.

Terra Natal

Vargem do Cedro é um vilarejo espalhado num vale, no sul de Santa Catarina. Uma pequena vargem, apertada entre os montes dá nome ao lugar. O vale é bucólico, transformando-se hoje num centro procurado por visitantes, por sua paz e suas belezas naturais. Aquela região foi escolhida para abrigar imigrantes alemães no fim do século XIX. Eles chegaram trazendo consigo muitos elementos da sua cultura. Quase na sua totalidade católicos, a participação na missa e em outras cerimônias religiosas era praticamente obrigatória para todos. Cultivavam a língua alemã, os cânticos, a culinária. Erigida em paróquia em 1920, a comunidade transformou-se num celeiro de vocações religiosas e sacerdotais, a maioria destas últimas filiando-se à Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, que atendia à paróquia desde 1918, recebendo o título honroso de “Capital das Vocações”. Foi uma das primeiras paróquias que a Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus assumiu no Sul do Estado.

O Padre Jacó Gabriel Lux, scj, foi seu primeiro pároco, construtor da Igreja e da casa paroquial. “Grande batalhador em prol das vocações sacerdotais e religiosas. Cerca de uma dúzia de moços descobriu sua vocação sacerdotal sob a orientação do Padre Lux”.

Aloísio nasceu ali, em 1913, a 24 de dezembro, às 23h; na época Município de Imaruí, hoje São Martinho. Foi o filho primogênito da família. Batizado no dia 26 de dezembro, na Paróquia São Sebastião, Vargem do Cedro, teve registro no Livro primeiro e Folhas número 25. O seu nome religioso é Sebastião. A crisma deu-se no dia 22 de janeiro de 1914 e registrado no primeiro Livro da Paróquia, na folha número 04.

Seus pais, João Boeing e Josephina Effting Boeing; seus avós paternos, Henrique Boeing e Anna Rocha, e, maternos, Antônio Effting e Joanna Pottmaier. Uma família de sete filhos legítimos e dois adotivos. Em família, falavam só o alemão.

O pai era uma pessoa profundamente religiosa, de missa diária. A mãe era muito devota de Nossa Senhora e de São José. Foi nesse ambiente que Aloísio desenvolveu a sua vida e personalidade na infância: num lar de pais piedosos e acolhedores, que partilhavam o que tinham com os mais necessitados. No seu coração ficou gravado o modo de ser e de viver eucaristicamente de seus pais. Eles recebiam Jesus na Eucaristia com frequência e viviam, na prática, numa solidariedade efetiva.

O registro civil de nascimento foi feito pelo pai, na Comarca de Imaruí, município de São Martinho, Estado de Santa Catarina, sendo oficial de justiça Maria de Oliveira Sá, no dia 1º. de abril de 1914, sem testemunhas; lavrado no Livro A-3, folhas 38v, sob número de ordem 170.

Em seguida, nasceu Antônio, casado com Leopoldina Rech. Este casal ficou morando em Vargem do Cedro, na residência dos pais e tiveram dez filhos. Um deles é Sacerdote – Padre João Boeing, scj, que reside em Rio Negrinho e é pároco da paróquia Santo Antônio. Outros filhos chamavam-se: Adelaide, casada com Georg Helmann, residentes em Vargem do Cedro; tiveram onze filhos, três deles se tornaram sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus: Padre José João (egresso), Padre Francisco Helmann (falecido) e Padre Gabriel Helmann (egresso); Alzira, casada com Arno Steiner, tem oito filhos, moram em São Martinho; Maria, casada com Francisco Helmann, tem sete filhos e reside em Vargem do Cedro; Águeda, que foi chamada por Deus a ser religiosa, com o nome de Irmã Serena, da Congregação das Irmãs Franciscanas de São José, hoje mora em Angelina (SC); ela foi Madre Geral da sua Congregação, morando na Holanda; Henrique, que nasceu no dia 02 de setembro de 1925, foi ordenado sacerdote dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, no dia 08 de dezembro de 1953, e faleceu de doença, no dia 11 de janeiro de 1997, em Jaraguá do Sul. Além destes sete, adotaram mais dois filhos: João, residindo atualmente no Paraná e Maria Verônica Boeing Junklaus, viúva, residente em Balneário Barra do Sul.

Sua família gostava e gosta muito de cantar. Onde se reúnem, já fazem um coral para cantar cantos alemães e outros folclóricos. O próprio Aloísio levava essa marca familiar e gostava muito quando se cantava nos recreios e viagens.

O Chamado

A sua vida pacata na roça tinha os seus dias contados. Havia um padre, recrutador de vocações, o P.Inácio Burrichter, scj, que passou na sua paróquia. Ele ensinava aos meninos que, no seminário, só se andava de bicicleta, tomava banho no rio, jogava bola e comia pão de trigo… Este sacerdote, conversando com as crianças da catequese, perguntou: “- Quem quer ser Padre?” Aloísio logo levantou o braço, sem muito pensar no que este gesto comportava. E o procurador vocacional já começou a se interessar por ele e falar sobre o assunto com o meu pai… tinha ele então apenas dez anos. Mais tarde, aos 65 anos de sacerdócio, contava, sorrindo, que pensou em ser padre para comer pão de trigo, pois via que os padres comiam só pão de trigo. “Na mesa do nosso vigário, havia só pão de trigo, isso me atraiu para ser padre… E agora nem como pão de trigo!”

Iniciou os seus estudos até a 4ª. Série na Escola “Rodolfo Feuser”, em Vargem do Cedro, nos anos de 1920 até 1924. Com onze anos, aos 11 de fevereiro de 1925, incentivado pelo pároco, ele saiu de sua terra natal, com outros três colegas. Um deles voltou para casa, mais tarde.

A viagem

Viagem quase homérica foi a da primeira turma de seminaristas do Sul até Brusque. Aloísio Boeing, João Stuepp, Conrado Rech e Gabriel Hoeppers tinham a companhia do Vigário Pe. Gabriel Lux. A primeira etapa, de Vargem dos Cedros (São Martinho) a Porto Tomás (Aratingaúba), foi vencida a cavalo. Coisa de meio dia.Um cavaleiro os acompanhou até lá para trazer os cavalos de montaria. Esse ponto de embarque os seminaristas o conheciam como Porto Effting. Pois era por lá que o sr. Antonio Effting fazia suas viagens.

Todos embarcaram numa grande lancha. Encravando sucessivamente, varejões de bambú no leito da lagoa do Imaruí, os remadores impulsionavam a lancha em direção de Cabeçudas. Em algumas horas, lá chegaram. Pernoitaram em ranchos de pescadores. No dia seguinte, prosseguiram viagem de trem até Tubarão. Na Casa Paroquial encontraram-se com outro grupo de seminaristas: Jorge Brand, Walter Holdhausen, Francisco Corbetta, um tal de Ulinao e outros.

No terceiro dia de viagem, os dois grupos de seminaristas tomaram o trem Tubarão-Imbituba. Surpresa agradavel para eles foi o encontro e companhia de vários padres da região de Tubarão, a caminho de Florianópolis, para o retiro espiritual. Na estação terminal de Imbituba o trem ficou estacionado a noite toda. Serviu-lhes de dormitório gratuito.

Vários navios costeiros (paquetes) faziam a rota Imbituba-Florianópolis-Itajaí-Araranguá. Os mais conhecidos eram: Max, Anna e Ita. Viajaram com o terceiro. Havia algumas cabines e beliches. Os seminaristas se acomodavam em qualquer lugar. Até sobre bancos. Esses paquetes jogavam muito. Provocavam frequentes enjôos. Os seminaristas os apelidaram de cabritos do mar. Após um dia e uma noite chegaram a Florianópolis.

Os padres desembarcaram e foram de lanchas até a Ilha, rumo à Casa de Retiros. Aos seminaristas restavam mais umas cinco horas de navegação até Itajaí. Chegaram no dia dois de fevereiro (1925). Dando-se o encontro do Ita com os barcos da procissão de Nossa Sra. dos Navegantes. Um surpreendente e maravilhoso espetáculo para os coloninhos do Sul.

A etapa final (Itajaí-Brusque) foi de caminhão. Quarenta quilômetros igualmente nada fáceis. Em cada morrinho era todo mundo desembarcar e empurrar o caminhão do Sr. Knihs. Em Brusque foram recepcionados pelo incansável Pe. Germano. Um grupo foi encaminhado para o Seminário. Outro foi acomodado no 3º pavimento da Casa Paroquial. Já faltava espaço.

Curta e interessante é a conclusão de Pe. aloísio Boeing: “Para alguém fazer essa viagem, ponderou ele, era preciso ter vocação. E se alguém ainda não tivesse vocação, certamente a teria no fim da viagem…”

Aloísio ficou três anos sem voltar para a casa dos pais. Depois de um ano, os seus pais foram visitá-lo e levaram um novo irmão que, nesse tempo, nascera. Esse irmão, mais tarde, também se tornou Sacerdote, Padre Henrique Boeing.

Durante o tempo de estudos no seminário, quando chegava em casa, nas férias, gostava de contar histórias aos seus irmãos. Iam todos para a roça; ele sentava numa pedra ou monte mais alto e, enquanto os outros trabalhavam, ele contava histórias.

As etapas de sua formação deram-se basicamente em Brusque e Taubaté. Em Brusque, completou o Ensino Fundamental e fez o Ensino Médio, de 1925 a 1931, na Escola Apostólica SCJ. Em 1932, o seminário foi transferido para Corupá. Ali estudou um ano. Tornou-se postulante em 15 de outubro de 1932. Voltou para Brusque, no ano seguinte, para fazer o noviciado, concluído em 15 de janeiro de 1934. O seu Mestre de Noviços foi o Padre Lourenço Foxius, natural de Luxemburgo. Fez a primeira profissão religiosa em Brusque, no dia 16 de janeiro de 1934.

Realizou os estudos de Filosofia, em Brusque, nos anos de 1934 e 1935. Em seguida, por dois anos, de 1936 a 1937, foi professor no seminário de Corupá. Sempre gostou muito de ler. Leu centenas de livros da biblioteca do seminário. Possuía uma excelente memória. Gostava muito de Geografia e História. Conhecia muito bem os acidentes geográficos mais importantes do mundo, a população dos países e suas características. Lembrava com facilidade o nome de quase todos os países e capitais do mundo. Ilustrava muito as suas homilias com a vida e exemplo de santos.

Os estudos de Teologia foram feitos em Taubaté (SP), nos anos de 1938 até 1941. Foi um tempo de muito empenho, esforço e atividades pastorais. Durante esse período, emitiu os votos perpétuos na capela do Convento Sagrado Coração de Jesus, em Taubaté, no dia 16 de janeiro de 1938. No mesmo ano, no dia 02 de setembro, recebeu o Ministério da Palavra e primeiras ordens menores. Tornou-se Ministro do Altar, recebendo, também, as segundas ordens menores, no dia 08 de dezembro de 1939. Foi ordenado diácono no dia 10 de março de 1940, tendo como bispo ordenante D. André Arcoverde de Albuquerque Cavalcante, Bispo Diocesano de Taubaté. Nessa mesma cidade do Vale do Paraíba, foi também ordenado Presbítero em 1940, pelas mãos do mesmo bispo, no dia 1º. de dezembro, com mais nove colegas: Padres Frederico Winkelmann, Francisco Kunitz, Gregório Westrupp, Bernardo Köwner, Fernando Südbeck, Frederico Blöch, Afonso Kürpick, Tarcísio Rauchholz, Carlos Enderlin e o saudoso Padre Antônio Echelmeyer.

A cerimônia ocorreu na Catedral, a uns cinco quilômetros do chamado Conventinho de onde dez ordenandos partiram a pé. Era muito quente, chegaram ao convento, depois da ordenação, mais ou menos, às 13h., fatigados pela sede, fome e cansaço do caminho percorrido mais uma vez a pé. E não houve grandes festas naquele dia, pois a festa seria na sua cidade natal. Depois da ordenação sacerdotal, ainda ficou um ano em Taubaté, completando os estudos.

O neo-sacerdote rezou sua primeira Missa Solene, em sua querida Vargem do Cedro, no dia 08 de dezembro, depois de uma viagem cheia de dificuldades. Viajou de Taubaté, de trem, de ônibus e, por fim, de caminhão. Estava sendo esperado pelo povo, no dia 07 de dezembro, mas o caminhão quebrou e chegaram três horas depois do horário marcado. Quando a mãe o abraçou disse: “- Finalmente!” O fato esteve sempre vivo em sua mente e relatava-o com frequência. Foi uma festa muito solene e piedosa! Ficou em casa alguns dias, visitou os parentes na região e em outras cidades.

Seu primeiro campo de trabalho foi na Paróquia Divino Espírito Santo, em Varginha, Minas Gerais onde permaneceu um ano antes de voltar para o seminário de Corupá, como professor e orientador espiritual dos seminaristas. Nesta função, permaneceria por nove longos e frutuosos anos. Era muito estimado por todos, distinguindo-se pela sua amabilidade e paternal acolhida dos alunos que o procuravam para orientação espiritual. Todas as noites, ele se colocava à disposição dos seminaristas para uma bênção final do dia ou para uma confissão ou mesmo para uma palavra de conforto, principalmente no começo do ano, quando as saudades batiam forte no coração de muitos seminaristas, principalmente dos novatos. Costumava levantar às cinco horas, fosse inverno ou fosse verão, correr da cama ao rio, para nadar e tomar banho. À tarde, depois dos trabalhos no jardim ou na lavoura, voltava ao rio com os seminaristas para a natação.

Desde o início de sua vida sacerdotal, passou também a ser procurado pelo povo, para aconselhamentos espirituais, até o fim de sua vida. Este foi o maior dom que Deus lhe deu e que desenvolveu ao longo de sua vida. Dia e noite, em todas as horas, era procurado em sua casa ou por telefone, para orientação espiritual, bênção da saúde. Nunca deixou de atender ninguém. No fim de sua vida, muitas vezes, doente, de cama, atendia, deitado, aos casos mais urgentes. Sentia muita compaixão do povo, especialmente dos doentes, idosos e pobres.

Tinha um gosto especial pelo colóquio de coisas espirituais. Era capaz de falar horas inteiras, sem se cansar. Outros assuntos deixavam-no aborrecido e silencioso.

Outro dom que recebeu foi o de catequizar, explicando o Evangelho, com histórias e comparações que todos, maravilhados, podiam entender.

Acolhida

Este carinho e atenção eram dedicados a todas as pessoa. Saía da mesa para atender pessoas que batiam à porta, atendia a telefonemas, dava conselhos, mesmo sentado à mesa, sempre com paciencia, bondade e muita atenção.

Conselheiro

Era um bom conselheiro. Nada queria impor, nem discutir. Queria somar, ajudar, construir. Os pobres, os pecadores, os padres, os casais, as religiosas, os movimentos eclesiais encontravam nele um pai, um conselheiro, um amigo, um santo. Padre Aloísio foi como uma flor escondida que exalou seu perfume em todas as direções. Vinham pessoas de muitos lugares e de diferentes posições sociais eclesiais para consultá-lo: jovens, casais, comunidades consagradas, religiosos, religiosas, empresários, pobres, andarilhos, sacerdotes, bispos.

(Dom Orlando Brandes – Arcebispo de Londrina)

Ele era capaz de ler o fundo de nosso coração. E as palavras de sabedoria surgiam curando, acalmando, perdoando.

Nancy Brandão – Formiga/MG – Fraternidade Sagrada Face do Senhor e Maria do Silencio)

Pai espiritual de uma multidão e da Fraternidade Mariana do Coração de Jesus

Além de sacerdote, orientador espiritual dos seminaristas, conselheiro de uma multidão de pessoas que chegavam todos os dias em sua casa, construtor de igrejas, grutas e capitéis em louvor a Maria, professor, pregador de retiros, ele teve uma inspiração de formar um grupo de moças professoras que fossem, no seio da comunidade, como leigas, fermento na massa, e vivessem o evangelho. Fundou então a Comunidade da Fraternidade Mariana do Coração de Jesus.

A partir do dia dois de agosto de 1974, numa primeira sexta-feira do mês, o grupo iniciou a vida em comunidade. Eram quatro jovens, professoras e estudantes. Formadas por Pe. Aloísio, scj, e em torno ao sacrário, o grupo hauria e continua haurindo forças para viver a vida espiritual, fraterna e de trabalho, no espírito de amor, reparação e misericórdia.

Com a chegada de novos membros, a vida foi-se consolidando, mediante intensa vida de oração, missa, adoração, leitura espiritual, devoção mariana, dias de recolhimento e frequentes palestras e reflexões de Padre Aloísio Boeing, scj.

O trabalho constituía-se em continuidade à vida de oração. Ativas, mas com dimensão contemplativa. Vida e ação, com dimensão Eucarística.

Os trabalhos iniciais da Fraternidade foram realizados junto aos sacerdotes, nas casas paroquiais, nas secretarias paroquiais, nas sacristias, na catequese e junto às famílias, nos serviços gerais das casas, e ainda nas escolas, como professoras.

As irmãs dedicam à oração, todo o tempo não ocupado no trabalho ou no descanso. O sacrário é a meta para a qual tende todo o ser e todo o agir do grupo. Sem a união com o Coração Eucarístico de Jesus, qualquer ação torna-se pobre, estéril e fraca. “Sem mim, nada podeis fazer”! (Jo 15,5).

Inicialmente, a fundação não queria ser mais uma congregação religiosa, e sim, uma fraternidade de leigas consagradas, com vida comunitária. Aos poucos o grupo foi sentindo que deveria constituir-se numa comunidade de vida religiosa, com um mínimo de estruturas. Seriam assim, como que intermediárias entre a vocação leiga e a religiosa. No momento, perante a Igreja, a Fraternidade é uma associação pública de fiéis, reconhecida pelo Bispo da Diocese de Joinville.

Como filho de Padre Dehon, Pe. Aloísio, scj, transmitiu à Fraternidade a experiência de fé e de contemplação que viveu o seu fundador, junto ao Coração Eucarístico de Jesus. “Deixo-vos o mais maravilhoso de todos os tesouros, o Coração de Jesus” (Pe. Dehon).

O modelo central de vida para a Fraternidade Mariana do Coração de Jesus é a Família de Nazaré: “Jesus desceu, então com seus pais para Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração” (Lc 2,51). A família de Betânia: Lázaro, Marta e Maria, também é modelo inspirador para a Fraternidade.

Maria sempre foi a mãe, a amiga e a mestra das Irmãs. Contemplando a vida de Maria, elas encontram a inspiração para o serviço desinteressado ao próximo. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, eis o teu filho!” Depois disse ao discípulo: “Eis a tua mãe! A partir daquela hora, o discípulo a acolheu junto de si” (Jo 19,26-27). Com João, a Fraternidade Mariana do Coração de Jesus aprende a amar Jesus e a imolar sua vida pelos sacerdotes, religiosos e candidatos à vida sacerdotal e religiosa.

Toda a formação na Fraternidade será feita em estilo familiar e fraterno. O ideal a ser alcançado, será o de inflamar as Irmãzinhas com um amor esponsal a Cristo presente na Eucaristia, uma vivência filial com Maria, uma profunda vida fraterna e um amor misericordioso para com os irmãos.

Viver próximas ao povo, que busca Deus, no contato com a Fraternidade, é uma das metas. Outra é deixar-se guiar pelo Espírito Santo para que Ele conduza a Fraternidade ao fim para o qual ela foi chamada.

Num escrito de Pio XII e numa Instrução da Sagrada Congregação para os Religiosos e Institutos Seculares sobre o Adequado Renovamento da Formação para a Vida Religiosa (capítulo I,3), Padre Aloísio, scj, sentiu-se confirmado no modo como ele desejou a direção da Fraternidade Mariana do Coração de Jesus.

O texto diz o seguinte: “Contudo, além da vocação religiosa propriamente dita, o Espírito Santo não tem cessado de suscitar na Igreja, particularmente, nestes últimos tempos, numerosos Institutos, cujos membros, ligados, ou não, por algum vínculo sacro, se propõem viver a vida comum e pôr em prática os conselhos evangélicos, a fim de se dedicarem a diferentes atividades apostólicas ou caritativas. A Igreja sancionou e reconheceu a autenticidade dessas variadas formas de vida; mas elas não constituem o estado religioso ainda que, muitas vezes e até certo ponto, lhe tenham sido equiparadas quanto à legislação canônica”.

A Fraternidade teve seu início, sob a jurisdição de Dom Gregório Warmling, na época, Bispo Diocesano de Joinville. Em 26 de julho de 1994, foi constituída como Associação Pública de fiéis, por Dom Orlando Brandes, na época, Bispo da diocese de Joinville, conforme o Cânon 312,3 do Código de Direito Canônico.

Hoje conta com 13 membros Consagrados de Vida Comunitária, 5 membros Leigos Consagrados nas Famílias e 70 Leigos e Leigas unidos à Fraternidade sem laços de Consagração.

D. Orlando Brandes, bispo diocesano de Joinville, que acolheu a Fraternidade assim se expressou sobre a nova Comunidade, por ocasião da morte de Padre Aloísio: “O desejo do Padre Aloísio era a vida contemplativa com um toque especial na adoração reparadora. Como sabemos, a Eucaristia, o Coração de Jesus, Maria, a cruz foram os quatro pontos cardeais de sua espiritualidade que o tornou tão humano, tão eclesial, tão fraterno e tão santificado. Sua espiritualidade frutificou em humanismo, misericórdia, compaixão. Seus principais amores: os pecadores, os aflitos, os pobres e os sacerdotes. A Comunidade Mariana do Coração de Jesus, forte na contemplação, está designada a ser o Cirineu, a Verônica destes amores [1].”

Muitos grupos novos, que vinham surgindo na Igreja, procuravam e ainda procuram a casa-mãe, em Nereu Ramos, para orientação espiritual. Muitos vinham para passar dias de retiro e formação com ele e entre si. Eis algumas dessas comunidades de Joinville: “Arca da Aliança”; “Vida Nova”; “Nova Jerusalém”. Há também dois grupos de Guaramirim os “Mensageiros da Luz” e “Bom Pastor”.

[1] BRANDES, Orlando, Carta Testemunho sobre a vida do Padre Oloísio Boeing, 2007 Arquivo da Fraternidade Mariana do Sagrado Coração de Jesus, Nereu Ramos, Jaraguá do Sul.

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